Reinaldo Petrechen, conhecido Dico Petrechen, era nascido em Pitanga em 24 de setembro de 1928, ele completaria 96 anos na próxima terça, 24 de setembro de 2024.
Ele deixou esposa Maria de Lourdes, cinco filhos, netos e bisnetos.
AECAPI: Como você observa a evolução de Pitanga atualmente?
Reinaldo Petrechen: Vejo que Pitanga está em um bom caminho. A agricultura trouxe grande impulso ao nosso progresso, e atualmente mais de 90% dos produtores rurais residem na cidade. Isso ajudou muito no desenvolvimento, trazendo mais construções e melhorias para o município. Acredito que o crescimento foi significativo em várias áreas.
AECAPI: Poderia nos contar um pouco sobre sua infância e como foi sua educação em Pitanga?
Reinaldo Petrechen: Lembro que, naquela época, não havia salas de aula em Pitanga. Meu pai chegou a contratar uma professora, que na verdade era uma pessoa que sabia ler e escrever, para nos ensinar. Quando eu tinha 8 anos, foi construído o primeiro grupo escolar. Morávamos a 4 quilômetros de distância e íamos a pé até lá. Consegui estudar até o quarto ano primário. Não havia ginásio na cidade, e meu pai não tinha condições de nos mandar estudar fora. Depois disso, comecei a trabalhar na roça e em casa. Aos 13 anos, consegui um emprego no açougue do meu tio, onde aprendi bastante. Trabalhei em alguns comércios antes de abrir o meu próprio, a Casa Santa Luiza, que foi fundamental para minha entrada no comércio local.
AECAPI: Como foi a transição da sua carreira no comércio para a política?
Reinaldo Petrechen: Como comerciante, eu era bastante conhecido na cidade e mantinha contato com muitas pessoas. Um amigo, Manoel Carlos Kichener, me convidou para ser candidato a vereador, e eu aceitei o desafio. Consegui ser eleito. Naquela época, as reuniões da Câmara aconteciam uma vez por mês, e alguns vereadores vinham a cavalo de locais distantes como Nova Tebas e Mato Rico. No início, não havia salário para os vereadores, era um trabalho feito por compromisso com a comunidade.
AECAPI: Quais foram os desafios que você enfrentou como prefeito, especialmente nas estradas?
Reinaldo Petrechen: As condições das estradas eram uma grande preocupação. Felizmente, fiz boas amizades com o pessoal do DER, e isso nos ajudou bastante. Eles nos forneciam máquinas, e a prefeitura oferecia combustível e apoio aos operadores. Assim, conseguimos melhorar muito as estradas. Também adquiri oito motoniveladoras durante meus dois mandatos, o que foi um grande avanço para a cidade.
AECAPI: O que levou à pavimentação da estrada entre Pitanga e Guarapuava?
Reinaldo Petrechen: Esse foi um marco do meu segundo mandato. Quando assumi, a estrada era apenas de terra, o que dificultava muito o transporte, especialmente em dias de chuva. Eu era próximo do deputado Ary Kfouri, que tinha uma boa ligação com o Ministro dos Transportes. Conseguimos uma reunião no Ministério, e foi liberado o recurso necessário para pavimentar a estrada. Esse foi um passo importante para o desenvolvimento da região.
AECAPI: Como você analisa sua primeira derrota na eleição para prefeito?
Reinaldo Petrechen: Acho que, na época, as pessoas ainda não me conheciam bem o suficiente, e meu adversário, Francisco Costa, era um político com uma postura muito firme. Apesar de perder por poucos votos, acredito que isso me deu mais força para tentar novamente. Quando fui eleito, busquei trabalhar em união com os vereadores para focar no crescimento de Pitanga.
AECAPI: Como foi possível ser o único candidato na sua segunda eleição?
Reinaldo Petrechen: Depois do meu primeiro mandato como prefeito, consegui fazer meu sucessor. No entanto, ele sofreu um acidente, e o vice, Otacílio Bittencourt, assumiu a prefeitura. Quando chegou a época da eleição, alguns amigos me procuraram e disseram que, se eu me candidatasse, não haveria concorrência. E foi exatamente isso que aconteceu. Tive uma boa relação com os governadores e deputados, o que ajudou a realizar grandes projetos.
AECAPI: E quanto à fundação do Sindicato Rural de Pitanga?
Reinaldo Petrechen: A criação do Sindicato Rural foi fruto de uma boa relação entre amigos e produtores rurais. Também ajudamos a fundar uma cooperativa agrícola, sempre com o objetivo de fortalecer a comunidade rural e promover o desenvolvimento do setor.
AECAPI: Quais foram suas principais conquistas como prefeito?
Reinaldo Petrechen: Além da pavimentação da estrada entre Pitanga e Guarapuava, durante meus dois mandatos consegui construir 170 unidades escolares em diversas localidades, como Santa Maria, Mato Rico e Boa Ventura. Também fui responsável pela construção da prefeitura em 1963, que permanece até hoje.
AECAPI – Quais foram os principais desafios enfrentados durante o planejamento e construção do Araucária Centro de Eventos e do Recinto de Leilões Dico Petrechen, e como esses desafios foram superados?
Reinaldo Petrechen: Um dos maiores desafios foi o planejamento financeiro, especialmente porque o fim da obrigatoriedade da contribuição sindical reduziu a principal fonte de renda do Sindicato. No entanto, graças ao esforço da nossa diretoria e à contribuição dos produtores rurais de Pitanga, conseguimos acumular recursos ao longo dos anos. Outro desafio foi garantir que o projeto se tornasse não apenas uma obra física, mas um patrimônio sustentável para o Sindicato, algo que pudesse gerar renda e continuar fortalecendo nossas atividades. Com o apoio de parceiros, como a prefeitura e outras autoridades, fomos capazes de resolver pequenos entraves burocráticos e entregar um centro de excelência.
AECAPI – Como o senhor enxerga a contribuição desse espaço para o desenvolvimento da pecuária e dos eventos regionais em Pitanga, e de que forma ele fortalecerá as ações do Sindicato Rural a longo prazo?
Reinaldo Petrechen: Esse centro é um marco para a pecuária local. Ele permite que os leilões e outros eventos sejam realizados em um espaço moderno, à altura das necessidades dos produtores rurais. Além de valorizar nossa produção, o Recinto de Leilões Dico Petrechen traz oportunidades de negócios e fomenta o crescimento da pecuária regional. A renda gerada aqui será reinvestida em capacitações, cursos e outras iniciativas do Sindicato Rural, garantindo que as ações em prol dos agricultores continuem fortes e relevantes para a nossa comunidade.
AECAPI – Além da homenagem ao seu nome, quais valores ou ideais o senhor acredita que o Recinto de Leilões deve perpetuar para as futuras gerações de produtores rurais em Pitanga?
Reinaldo Petrechen: Acredito que esse espaço deve ser um símbolo de união e perseverança. Ele representa o trabalho de muitas mãos, tanto da minha geração quanto das novas gerações de produtores. Espero que os valores de trabalho duro, cooperação e comprometimento com o bem-estar da nossa comunidade rural continuem sendo passados adiante. Esse centro não é apenas uma construção, mas um legado que mostra o quanto podemos conquistar quando trabalhamos juntos, sempre com o objetivo de melhorar a vida dos produtores e suas famílias.


